segunda-feira, 30 de junho de 2008

PLANTAS MEDICINAIS NO ALCAIDE

Abrótea

Das abróteas (Asphodelus lusitanicus P.), conhecidas por nunos, foguetes e candeias, existem no Alcaide, essencialmente, as variedades Asphodelus macrocarpus, mais vulgar, e Asphodelus bento-rainhae P. Silva, endémica da vertente norte da Serra da Gardunha, em pertigo de extinção, cujas raízes (rizomas), designadas por badalhocas, tiveram as seguintes aplicações medicinais:

Cura de impigens e zagres:
Cortam-se as raízes e esfregam-se as impigens e os zagres com elas, de modo a que o suco, que brota, abranja toda a pela afectada.
Cura da sarna:
Descascam-se algumas raízes, pisam-se num almofariz ou em malga, juntamente com um pouco de sal, e esfregam-se, com o preparado, as partes do corpo afectadas com o ácaro, uma vez em três dias seguidos ou até desaparecer o mal.
Este preparado foi utilizado, no Alcaide, até meados do século XX.
As folhas foram da abrótea utilizadas, até meados do século XX, na preparação de estrumes, por fermentação nas esterqueiras, ou aplicadas directamente nas terras, e na alimentação dos suinos, após cozedura.





Abrótea jóvem

Abrótea florida

Flor da abrótea em forma de estrela.

Conjunto de abróteas floridas .

Cápsulas onde amadurecem as sementes .

Cápsulas secas, após a saída das sementes.

Raízes (rizomas) da abrótea.

Rizomas, as chamadas badalhocas.
Albano Mendes de Matos





sexta-feira, 27 de junho de 2008

COGUMELOS


Clathrus ruber

Ordem: Phallales
Família: Phallaceae
Género: Clathrus
Espécie: Clathrus ruber

O Clathrus ruber é um interessante cogumelo que toma a forma de uma gaiola esférica ou oval, com 5 a 15 centímetros de altura, que aparece em lugares húmidos, jardins e terrenos de cultivo, associado a raízes, cascas e troncos de árvores envelhecidos.
É um saprófito que germina de um ovo, cuja parte exterior se transforma em volva, que envolve a base do cogumelo para o sustentar. O ovo liga-se ao solo por raízes.
A espécie de gaiola é formada por vários ramos ou braços esponjosos, ligados entre si, que podem ter cor vermelha, rosa ou laranja. Quando maduro, a superfície interior dos braços do cogumelo apresenta gleba, uma massa mucelaginosa esverdeada, que contém os esporos, para a reprodução. A gleba exala um odor nauseabundo, como carne putrefacta, o que atrai as moscas e outros insectos, originando a dispersão dos esporos.





Ovo do Clathrus ruber, com raiz.

Metade de um ovo - A parte exterior vai formar a volva, a parte intermédia é o corpo do cogumelo e a parte interior, esverdeada, constitui a gleba, aparelho reprodutor, com os esporos.

Ovo cortado a meio

Cogumelo com volva e raízes, que o sustentam.

Cogumelo com volva, parte exterior do ovo, e gleba esverdeada onde se encontram o esporos.

Cogumelo alaranjado em forma de gaiola, já sem a gleba.

Cogumelo adulto já sem gleba, com a volva.

Cogumelo adulto com a volva.


Albano Mendes de Matos






quarta-feira, 4 de junho de 2008

COGUMELOS NA SERRA DA GARDUNHA

ALCAIDE


Phallus impudicus

Ordem: Phallales

Família: Phallaceae

Género: Phallus

Espécie: Phallus impudicus


O Phallus impudicus é um curioso fungo basidiomiceto, da família das Faláceas, cuja designação é devida à sua forma fálica e ao cheiro cadavérico que exala e se percebe à distância. O cheiro desagradável emana de uma gleba, ou seja, uma massa mucelaginosa fértil do aparelho esporífero de alguns cogumelos, como, a trufa, o lycoperdons, o sclerodermes, o clathrus ruber e o phallus. O cheiro atrai os insectos que espalham os esporos a consideráveis distâncias, para a reprodução do fungo.

Inicialmente, o cogumelo apresenta a forma de ovo, oblongo ou esférico, ou em forma de bexiga, de cor branca, de 3 a 6 cm de diâmetro, enterrado ao rés do solo, com um longo cordão ou raiz. No corte, o ovo apresenta as seguintes camadas, do exterior para o centro: por fora, uma camada, o peridium, depois, uma camada translúcida e gelatinosa, de protecção, a seguir uma camada mais escura, a futura gleba, com o aparelho reprodutor, e, por dentro, um corpo branco, o futuro cogumelo.

Do ovo sai o pé do cogumelo, cilíndrico ou de forma cónica, de 10 a 20 cm de altura, esponjoso, poroso, branco, nu, alveolado, cavernoso e frágil, abatendo-se e murchando, no fim de alguns dias. Do ovo, fica uma espécie de volva a envolver a base do pé.

Na extremidade superior do pé, forma-se uma espécie de chapéu, de 3 a 5 cm de altura, de configuração oval, com um ligeiro corte tranversal por cima, com alvéolos na parte externa. O chapéu é branco, cobrindo-se, depois de glutina (gleba) verde-claro, depois verde oliveira e escurece. A gleba é deliquescente e expele o mau cheiro como foi referido.

É um saprófito que frutifica nas estações quentes e chuvosas, da Primavera ao Outono, em terrenos húmidos, em bosques, especialmente em matas de folhosas e em jardins.

A carne é de cor branca, frágil e, quase sempre, sem cheiro desagradável. Em alguns locais, o ovo do Phallus impudicus é consumido, com ou sem a gelatina, com algumas reservas.

O ovo pode ser confundido com o cogumelo bexiga de lobo ou, mais perigosamente, com o ovo dos cogumelos amanitas tóxicos e mortais.



Ovo com raiz.


Ovo cortado ao meio: no centro, a branco, o embrião do cogumelo, envolvido por gleba; parte exterior formada por tecido gelatinoso.

Ovo cortado a meio.

Ovo prestes a eclodir, saindo o pé do cogumelo.


Criação de cogumelos num vaso - À esquerda: em cima, corte de ovo, em baixo, metade do pé do cogumelo saindo do ovo, que foi cortado a meio. À direita, dois ovos.


Metade do pé de um cogumelo, de tecido esponjoso branco e oco, saindo do ovo.


Criação em vaso - Metade do pé de um cogumelo saindo do ovo.

Criação em vaso - Cogumelo em crescimento com ovo (volva), pé branco e chapéu cónico, com um orifício no cimo. O chapéu está revestido com a gleba, verde azeitona, com cheiro nauseabundo, o aparelho esporífero que, depois de amadurecer, se liquefaz para disseminação dos esporos.

O cogumelo desmancha-se como um lego, com separação das partes constituintes: o ovo, o pé e o chapéu.

Chapéu verde azeitona, de forma cónica, coberto com gleba, com orifício no vértice.

Ovo e pé do cogumelo, sem chapéu.

Uma mosca, atraída pelo cheiro, pousada na gleba, é agente de disseminação dos esporos.
O pé saindo do ovo entre um produto gelatinoso.
Um pedaço do ovo ficou sobre o chapéu.
Cogumelo maduro, com a gleba a liquefazer-se.

Cogumelo maduro, com a gleba a liquefazer-se.

Cogumelo velho, sem capéu, com uns restos da gleba, que se derramou pelo pé até ao ovo.

Cogumelo velho com volva, pé e chapéu, já sem gleba.

Cogumelo no final do ciclo da vida, a murchar.
Albano Mendes de Matos

(Fotos de Albano Mendes de Matos)

















terça-feira, 3 de junho de 2008

COGUMELOS NA SERRA DA GARDUNHA


ALCAIDE





Albano Mendes de Matos



Macrolepiota procera

Ordem - Agaricales
Família - Agaricaceae
Género - Macrolepiota
Nominação binomial - Macrolepiota procera

O cogumelo Macrolepiota procera, conhecido no Alcaide por frade, quando crescido, e marroco, quando jovem, com o chapéu fechado, e em outras localidades por carcomelo, tortulho e cogumelo de calcinha, neste caso, por causa do anel, é um fungo saprófito, que surge no Outono, por vezes, em grandes conjuntos, em terrenos férteis e húmus, com elementos vegetais em decomposição, tanto nas clareiras dos bosques ou das matas de folhosas, como nos prados e terras de cultivo. É próprio das regiões temperadas.

Tem um chapéu grande que, em estado adulto, pode atingir 20 a 30 cm de diâmetro, apresentando escamas acastanhadas dispostas geometricamente. Quando jovem, o chapéu tem forma esférica ou ovóide, evoluindo, com o crescimento, para cónica mamelonada, apresentando, por fim, forma convexa ou quase plana.
O chapéu tem uma cutícula seca, de cor acizentada, e encontra-se coberto de escamas acastanhadas, com maior densidade no centro. O himénio, parte inferior do chapéu, é formado por lamelas livres (não ligadas ao pé), brancas, depois, acizentadas, moles e muito apertadas. Os esporos são brancos.
O pé é esguio e alto, de 15 a 30 cm, serapintado como a pele de uma cobra, oco, escamoso, mosqueado de castanho claro, bulboso na base, apresentando, no cimo, um anel esbranquiçado, duplo e amovível.
A carne, branca e mole, tem cheiro e sabor frutados agradáveis. É comestível muito bom, especialmente, a carne do chapéu, que pode ser guisada em azeite, com cebola e alho, e em muitas receitas culinárias. O chapéu pode ser assado nas brasas, com azeite e sal nas lamelas, com estas voltadas para cima. O pé dos mais velhos, duro, pode aproveitar-se para molhos e sopas.
Há também as espécies Macrolepiota gracilinta, Macrolepiota excoriata, Macrolepiota konradi, entre outras comestíveis.
Não confundir com os pequenos lepiotas mortais, com o chapéu de 5 a 8 cm, como o Lepiota clipecharia, o Lepiota brunneorincarnata e o Lepiota suberincarnata.


Fotos de Albano Mendes de Matos





Macrolepiota procera - Cogumelo jovem (maroco), capéu cilíndrico.

Macrolepiota procera jovem (maroco), chapéu oval.

Macrolepiota procera em meio do crescimento, chapéu cónico e anel rudimentar no pé.

Macrolepiota procera em eucaliptal - Chapéu com escamas dispostas geometricamente.

.Macrolepiota procera - Parte superior do chapéu com as escamas.

Macrolepiota procera - Cogumelo criado, chapéu com as escamas e mamelonado no centro.

Macrolepiota procera - Chapéu com as escamas.

Macrolepiota procera - Chapéu do cogumelo no fim do crescimento; himénio, parte inferior, com lamelas livres e pé com anel.

Macrolepiota procera - Himénio com lamelas apertadas e pé escamoso com anel.

Macrolepiota procera - Corte longitudinal de cogumelo em meio do crescimento. No chapéu, distinguem-se a carne e as lamelas


O anel saltou do pé para a berma do chapéu!

O anel pendurado no chapéu!