terça-feira, 23 de dezembro de 2008

COGUMELOS NA SERRA DA GARDUNHA

Boletus erythropus
Albano Mendes de Matos
A Espécie Boletus erythropus é um cogumelo da Classe homobasidiomycetes, Ordem Boletales, Família Boletaceae, Género Boletus, que se encontra na serra da Gardunha, em terrenos arborizados com castanheiros, carvalhos e resinosas, no fim do Verão e no Outono.
É um cogumelo grande e robusto, com:
Chapéu de forma hemisférica, convexo, de cor castanha, que pode atingir 20 centímetros de diâmetro.
Himénio constituído por tubos de cor amarela escura, com poros alaranjados por onde saiem os esporos, para reprodução. Azula ao toque.
Pé amarelado com pontos vermelhos ou alaranjados, que pode chegar a 15 centímetros de altura e com 5 cm de diâmetro.
A carne é de cor amarela, azula rapidamente ao corte, tem sabor suava e doce e odor frutado. É comestível, devendo ser bem cozida, durante pelo menos dez minutos.
As fotos foram obtidas por Albano Mendes de Matos, no Alcaide, no lugar de Fonte do Vale de Baixo.
Boletus erythropus maduro.

Boletus erythropus - Os tubos, de cor mais escura, são facilmente separáveis do chapéu, com carne de cor amarela.

Boletus erythropus a envelhecer, com os poros do himénio avermelhados. De notar, a cor da carne amarela do chapéu e do pé.

Boletus erythropus com himénio a azular apór ser tocado.
Boletus erythropus a começar a azular após ser cortado.

Boletus erythropus com a carne azulada ao corte.











domingo, 14 de setembro de 2008

COGUMELOS NA SERRA DA GARDUNHA





Inonotus hispidus no Alcaide

O Inonotus hispidus é um fungo parasita, que vive em associação com plantas, como, por exemplo, o freixo, a macieira e a faia, numa relação de antagonismo, em que o parasita tira proveito, danificando a planta. Este cogumelo, que pode atingir mais de 30 cm de largura, surge nos finais do Verão e no Outono, podendo ter uma vida de mais de seis meses.

A parte superior apresenta uma camada exterior em forma de feltro, é de cor amarelada ou alaranjada, quando jovem, depois passa a castanho e, quando velho, escurece até ao negro. A parte inferior apresenta cor esbranquiçada, beije ou creme, tem aspecto esponjoso, com pequenos orifícios, por onde exsudam gotículas de um suco amarelado e pegajoso, que é característica dos fungos Inonotus .(Fotos 4, 5 e 6).

Não é comestível.

As fotografias 1 a 6 foram tiradas a cogumelo desenvolvido no tronco de uma macieira, numa quinta no lugar de Pocinhas; as fotos 7 a 8 forma obtidas também numa macieira, no lugar da Fonte das Lages, em Alcaide.





Foto 1 - Parte superior

Foto 2 - Parte superior

Foto 3 - Parte superior e inferior

Foto 4 - A parte inferior do cogumelo apresenta algumas gotículas do suco.

Foto 5 - Gotículas de suco amarelado, na parte inferior.

Foto 6 - Gotículas de suco amarelado, na parte inferior do cogumelo.


Foto 7 - Inonotus hispidus com 3 meses.


Foto 8 - Inonotus hispidus a começar a envelhecer.


Foto 9 - Inonotus hispidus envelhecido, com 6 meses.



segunda-feira, 30 de junho de 2008

PLANTAS MEDICINAIS NO ALCAIDE

Abrótea

Das abróteas (Asphodelus lusitanicus P.), conhecidas por nunos, foguetes e candeias, existem no Alcaide, essencialmente, as variedades Asphodelus macrocarpus, mais vulgar, e Asphodelus bento-rainhae P. Silva, endémica da vertente norte da Serra da Gardunha, em pertigo de extinção, cujas raízes (rizomas), designadas por badalhocas, tiveram as seguintes aplicações medicinais:

Cura de impigens e zagres:
Cortam-se as raízes e esfregam-se as impigens e os zagres com elas, de modo a que o suco, que brota, abranja toda a pela afectada.
Cura da sarna:
Descascam-se algumas raízes, pisam-se num almofariz ou em malga, juntamente com um pouco de sal, e esfregam-se, com o preparado, as partes do corpo afectadas com o ácaro, uma vez em três dias seguidos ou até desaparecer o mal.
Este preparado foi utilizado, no Alcaide, até meados do século XX.
As folhas foram da abrótea utilizadas, até meados do século XX, na preparação de estrumes, por fermentação nas esterqueiras, ou aplicadas directamente nas terras, e na alimentação dos suinos, após cozedura.





Abrótea jóvem

Abrótea florida

Flor da abrótea em forma de estrela.

Conjunto de abróteas floridas .

Cápsulas onde amadurecem as sementes .

Cápsulas secas, após a saída das sementes.

Raízes (rizomas) da abrótea.

Rizomas, as chamadas badalhocas.
Albano Mendes de Matos





sexta-feira, 27 de junho de 2008

COGUMELOS


Clathrus ruber

Ordem: Phallales
Família: Phallaceae
Género: Clathrus
Espécie: Clathrus ruber

O Clathrus ruber é um interessante cogumelo que toma a forma de uma gaiola esférica ou oval, com 5 a 15 centímetros de altura, que aparece em lugares húmidos, jardins e terrenos de cultivo, associado a raízes, cascas e troncos de árvores envelhecidos.
É um saprófito que germina de um ovo, cuja parte exterior se transforma em volva, que envolve a base do cogumelo para o sustentar. O ovo liga-se ao solo por raízes.
A espécie de gaiola é formada por vários ramos ou braços esponjosos, ligados entre si, que podem ter cor vermelha, rosa ou laranja. Quando maduro, a superfície interior dos braços do cogumelo apresenta gleba, uma massa mucelaginosa esverdeada, que contém os esporos, para a reprodução. A gleba exala um odor nauseabundo, como carne putrefacta, o que atrai as moscas e outros insectos, originando a dispersão dos esporos.





Ovo do Clathrus ruber, com raiz.

Metade de um ovo - A parte exterior vai formar a volva, a parte intermédia é o corpo do cogumelo e a parte interior, esverdeada, constitui a gleba, aparelho reprodutor, com os esporos.

Ovo cortado a meio

Cogumelo com volva e raízes, que o sustentam.

Cogumelo com volva, parte exterior do ovo, e gleba esverdeada onde se encontram o esporos.

Cogumelo alaranjado em forma de gaiola, já sem a gleba.

Cogumelo adulto já sem gleba, com a volva.

Cogumelo adulto com a volva.


Albano Mendes de Matos






quarta-feira, 4 de junho de 2008

COGUMELOS NA SERRA DA GARDUNHA

ALCAIDE


Phallus impudicus

Ordem: Phallales

Família: Phallaceae

Género: Phallus

Espécie: Phallus impudicus


O Phallus impudicus é um curioso fungo basidiomiceto, da família das Faláceas, cuja designação é devida à sua forma fálica e ao cheiro cadavérico que exala e se percebe à distância. O cheiro desagradável emana de uma gleba, ou seja, uma massa mucelaginosa fértil do aparelho esporífero de alguns cogumelos, como, a trufa, o lycoperdons, o sclerodermes, o clathrus ruber e o phallus. O cheiro atrai os insectos que espalham os esporos a consideráveis distâncias, para a reprodução do fungo.

Inicialmente, o cogumelo apresenta a forma de ovo, oblongo ou esférico, ou em forma de bexiga, de cor branca, de 3 a 6 cm de diâmetro, enterrado ao rés do solo, com um longo cordão ou raiz. No corte, o ovo apresenta as seguintes camadas, do exterior para o centro: por fora, uma camada, o peridium, depois, uma camada translúcida e gelatinosa, de protecção, a seguir uma camada mais escura, a futura gleba, com o aparelho reprodutor, e, por dentro, um corpo branco, o futuro cogumelo.

Do ovo sai o pé do cogumelo, cilíndrico ou de forma cónica, de 10 a 20 cm de altura, esponjoso, poroso, branco, nu, alveolado, cavernoso e frágil, abatendo-se e murchando, no fim de alguns dias. Do ovo, fica uma espécie de volva a envolver a base do pé.

Na extremidade superior do pé, forma-se uma espécie de chapéu, de 3 a 5 cm de altura, de configuração oval, com um ligeiro corte tranversal por cima, com alvéolos na parte externa. O chapéu é branco, cobrindo-se, depois de glutina (gleba) verde-claro, depois verde oliveira e escurece. A gleba é deliquescente e expele o mau cheiro como foi referido.

É um saprófito que frutifica nas estações quentes e chuvosas, da Primavera ao Outono, em terrenos húmidos, em bosques, especialmente em matas de folhosas e em jardins.

A carne é de cor branca, frágil e, quase sempre, sem cheiro desagradável. Em alguns locais, o ovo do Phallus impudicus é consumido, com ou sem a gelatina, com algumas reservas.

O ovo pode ser confundido com o cogumelo bexiga de lobo ou, mais perigosamente, com o ovo dos cogumelos amanitas tóxicos e mortais.



Ovo com raiz.


Ovo cortado ao meio: no centro, a branco, o embrião do cogumelo, envolvido por gleba; parte exterior formada por tecido gelatinoso.

Ovo cortado a meio.

Ovo prestes a eclodir, saindo o pé do cogumelo.


Criação de cogumelos num vaso - À esquerda: em cima, corte de ovo, em baixo, metade do pé do cogumelo saindo do ovo, que foi cortado a meio. À direita, dois ovos.


Metade do pé de um cogumelo, de tecido esponjoso branco e oco, saindo do ovo.


Criação em vaso - Metade do pé de um cogumelo saindo do ovo.

Criação em vaso - Cogumelo em crescimento com ovo (volva), pé branco e chapéu cónico, com um orifício no cimo. O chapéu está revestido com a gleba, verde azeitona, com cheiro nauseabundo, o aparelho esporífero que, depois de amadurecer, se liquefaz para disseminação dos esporos.

O cogumelo desmancha-se como um lego, com separação das partes constituintes: o ovo, o pé e o chapéu.

Chapéu verde azeitona, de forma cónica, coberto com gleba, com orifício no vértice.

Ovo e pé do cogumelo, sem chapéu.

Uma mosca, atraída pelo cheiro, pousada na gleba, é agente de disseminação dos esporos.
O pé saindo do ovo entre um produto gelatinoso.
Um pedaço do ovo ficou sobre o chapéu.
Cogumelo maduro, com a gleba a liquefazer-se.

Cogumelo maduro, com a gleba a liquefazer-se.

Cogumelo velho, sem capéu, com uns restos da gleba, que se derramou pelo pé até ao ovo.

Cogumelo velho com volva, pé e chapéu, já sem gleba.

Cogumelo no final do ciclo da vida, a murchar.
Albano Mendes de Matos

(Fotos de Albano Mendes de Matos)